domingo, 19 de setembro de 2010

Inovação, raciocínio lógico e pensamento abstrato

As inovações aparecem de forma mais frequente onde há ambientes organizados para que elas sejam produzidas, ou seja a inovação requer processos elaborados de forma que facilitem seu desenvolvimento. Para que uma visão, plano ou projeto seja considerado de fato como uma inovação, a ideia inicial deve ter possibilidade real de ser colocada em prática, de forma viável, e dela apareça um produto, processo, modelo que possa ser disponibilizado e utilizado pelo seu público de interesse. Apenas uma boa ideia que não seja capaz de ser produzida, de forma economicamente viável e colocada à disposição dos seus consumidores, será sempre, e tão somente, uma boa ideia.

Através desta linha, percebe-se que a organização do ambiente deve favorecer os processos inovadores, sendo assim as pessoas, um dos principais recursos para este processo, devem ser educadas para atuarem no cenário onde a inovação é requerida.
Atualmente é dado bastante valor ao olhar focado nas tarefas principais, buscando a eficiência e otimização a todo custo. Este foco concentrado, utilizando a lógica e processos cartesianos na resolução de problemas é importante, entretanto não é garantia de sucesso. Esta linha de atuação porém, às vezes apenas conduz à adequada execução das atividade e tarefas rotineiras. Muitas decisões podem falhar devido a outros fatores externos como prazos apertados e pressões externas, levando o indivíduo a esquecer sua lógica e perder seu foco através de comportamentos como a paralisia, confusão mental e conflito de interesses dentro de um grupo.

Sendo assim, em ambientes inovadores pode ser importante a utilização de outros mecanismos de forma simultânea ao raciocínio lógico, como os pensamentos abstratos, bem como o treinamento para ligeiros devaneios e pequena perda de foco em determinadas situações. Uma base para esta estratégia pode ser o apoio a atividades extraordinárias como leituras distintas ao trabalho, artes, ciências, música, esportes e cultura em geral.

Com estes pequenos intervalos, e subsidiado com um arcabouço mental de conhecimentos gerais e amplos, a interpretação de uma determinada situação problema, e posterior delineamento de um caminho a ser seguido, pode ser realizada através da utilização de uma intersecção de mais de um tipo de pensamento e ideias, que a princípio não teriam relacionamento e conexão entre si. O resultado pode ser uma solução distinta e inovadora para o novo problema. Lembrando sempre que para novos desafios normalmente velhos paradigmas não funcionam, ou seja novas formas de abordar uma situação inédita devem ser utilizadas no lugar de se tentar encaixar antigas equações que funcionaram para problemas resolvidos no passado.

Dica: Artigo da Folha de SP de 09 de setembro de 2010 de Contardo Calligaris, analisa como a medicina e a psicanálise abordam a questão da atenção das pessoas nas tarefas e situações gerais, além de promover links para outros artigos e pesquisas relacionadas ao assunto, de forma técnica.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Material Digital e Computação Quântica

Há uma discussão atualmente entre antropólogos, historiadores e pesquisadores da Internet, sobre acordo entre a biblioteca do congresso americano e o Twitter para que todas as mensagens postadas desde 2006 sejam arquivadas. O objetivo desta iniciativa é gerar parte da história da humanidade através de registros digitais formados de mensagens e textos que as pessoas inserem na rede.

Além do Twitter existem outras formas de armazenamento de conteúdo digital como Facebook, YouTube, Flickr, citando alguns entre muitos, que diariamente recebem um volume de informação muito elevado. Sendo assim a discussão se desenvolve neste cenário onde milhares de Exabytes (10^18 bytes), são produzidos e armazenados pelos mais diversos meios, e se concentra na utilidade real do armazenamento integral de toda esta informação.

Na hipótese de que tudo seja armazenado para utilização futura na construção da história da humanidade, percebe-se o árduo trabalho dos pesquisadores digitais, que deverão atuar como arqueólogos procurando informações relevantes e realmente importantes para a reconstrução de fatos de interesse. A mineração dos dados, e posterior execução de mapeamentos, cruzamentos e delineamentos dos mesmos, com o objetivo de que se possa construir informação útil, não é tarefa trivial com a tecnologia disponível atualmente.

Exclusivamente sob o ponto de vista da pesquisa de dados e reconstrução da história, sem levar em consideração outros aspectos deste cenário, surge um impasse neste ponto da discussão. Seria possível reconstruir a história entre tantos dados e informações armazenadas de forma economicamente viável, utilizando tempos razoáveis e entregando em prazos satisfatórios? Como seria o processo de separação do “joio do trigo” nesta situação, onde muito do que é gerado poderia ser considerado lixo eletrônico? E qual seria o critério dos pesquisadores para se determinar o que poderia ser descartado e o que seria realmente útil para a reconstrução das características das sociedades?

A história apresenta, em determinados momentos, algumas inovações disruptivas que proporcinaram grandes saltos tecnológicos que modificaram profundamente a forma de desenvolvimento do planeta e interação das pessoas. Pode-se citar, do final da primeira metade do século XX para os tempos atuais o surgimento do transistor, os circuitos integradas e a nanotecnologia, a fibra óptica e a internet, entre outras.
Sendo assim uma outra inovação tecnológica disruptiva pode surgir e conduzir para outros caminhos esta discussão sobre a utilidade do armazenamento integral, ou seja, de tudo que é produzido digitalmente, e as dificuldades encontradas no processo de recontrução das informações.

A evolução contínua dos sofisticados bancos de dados e sistemas integrados de BI (business inteligence), serão elementos muito importantes para ajudar na solução deste problema, e podem ser consireadas inovações sustentadoras. Porém a inovação realemente disruptiva está no desenvolvimento de novo hardware de processamento, o que leavrá a construção de novos modelos de sistemas baseados nos mesmos. Trata-se da evolução nas pesquisas e desenvolvimento dos processadores baseados em tecnologias distintas do atual silício dos transistores, como a tecnologia quântica.
Este novo paradigma de processamento utiliza uma lógica distinta do sistema binário dos atuais processadores. Ele trabalha com um estado a mais dos conhecidos “zero” e “ um”, onde pode utilizar a sobreposição dos dois estados, sendo assim ele pode representar o “zero”, o “um” ou “ambos”.

Esta característica permite a forte utilização de paralelismo proporcionando ganhos importantes em tempos de processamento. Na prática, problemas que são resolvidos através de testes sequencias realizando as operações uma a uma, como algoritimos que devem decidir a melhor rota entre dois pontos, podem ser resolvidos de forma mais ágil através do paralelismo do processamento. Outro exemplo é a busca de dados em listas, onde a mesma é executada sequenciamente, linha por linha. Neste caso uma única busca paralela com um computador quântico, dependendo do tamanho da lista, poderia ser sufuciente para se achar o dado procurado.

Desta forma, pode-se notar como se encaixa uma inovação disruptiva como o processador quântico, na nova discussão sobre o armazenamento de todo conteúdo digital produzido, e a forma como seria o tratamento deste conteúdo para a reconstrução da história da humanidade.

Mas por enquanto é uma tecnologia que ainda está no forno, sendo desenvolvida e aprimorada para que possa ser utilizada em escala, e então é uma variável que não pode ser considerada efetivamente na solução deste problema específico de armazenamento integral e posterior busca para reconstituição da história. Entretanto, não deve ser deixada de lado pois é uma possibilidade real de realização futura apresentando-se como uma disrupção tecnológica importante para as novas gerações de processadores e outros elementos computacionais.

sábado, 24 de julho de 2010

Inovação e Educação (II)

Anualmente a escola internacional de negócios – Insead, realiza um estudo sobre a capacidade de inovação dos países, e como resultado gera um relatório chamado Global Innovation Index Report, - http://www.globalinnovationindex.org/gii/main/home.cfm. Em sua edição de 2010 este estudo aponta a Islândia, Suécia e Hong Kong to topo da lista. O Brasil ocupa a 68º posição, caindo 18 posições em comparação com sua classificação em 50º lugar de 2009. Os Estados Unidos estavam no topo da lista no ano anterior, e caíram para 11º lugar, principalmente devido a desinvestimentos em processos de inovação, em várias dimensões, provavelmente causados pelo agravamento da crise naquele país.

Este estudo abrange 132 países e considera 60 indicadores para medir o nível de inovação dos mesmos, como a quantidade de patentes por habitantes, investimentos em P&D, investimentos em educação, artigos científicos publicados, ambiente regulatório, acesso a crédito, quantidade de usuários de banda larga, tempo médio para abertura de negócios no país, entre outros.

Estes indicadores estão organizados e divididos em grupos que foram denominados “pilares”. Um destes pilares, chamado Capacidade Humana, agrupa três sub-pilares que podem ser tratados com políticas distintas e de forma independente pelos países sendo eles, Investimento em Educação, Qualidade das Instituições Educacionais e Potencial de Inovação. Os itens em cada um destes sub-pilares são o nível de investimento em educação (% do PIB), a extensão da população e trabalhadores educados e treinados, o nível de qualidade do sistema educacional, a qualidade dos institutos de pesquisa, a quantidade de pesquisadores (% da população), a disponibilidade de cientistas e engenheiros, entre outros.

Importante observar neste relatório a posição de destaque de determinados países, que historicamente se preocupam em investir, de forma consistente e com qualidade, nos itens destacados acima, refletindo de forma importante em seus sistemas de educação e no ambiente de pesquisas e desenvolvimento. Desta forma pode-se perceber uma relação próxima entre educação, produção acadêmica, e desenvolvimento de pesquisas, com a capacidade inovadora de um país.

Os países líderes do ranking Islândia, Suécia, Dinamarca e Finlândia, também lideram no item Capacidade Humana, sendo a Finlândia a primeira colocada, seguida pela Dinamarca, Suécia, Islândia.

A figura 1 a seguir apresenta o ranking dos países líderes em inovação em comparação com o ranking de um dos pilares da pesquisa, relacionado ao Capital Humano dos países.




Conforme a Figura 1, o país que se encontra em primeiro lugar de Inovação no ranking, a Islândia, é classificada em quarto lugar no item Capital Humano, e o segundo colocado em Inovação, a Suécia, está na terceira posição em Capital Humano. Tomando-se este país especificamente a fim de pontuar um exemplo, verifica-se que o mesmo promove políticas contundentes para alavancar seu Capital Humano, como a delegação de parte da responsabilidade em promover a inovação para seu Ministério da Educação e Cultura, e o estabelecimento de uma agência específica para coordenar as políticas para inovação (Vinnova). Estas iniciativas fazem seu ambiente de P&D muito forte onde indústrias, universidades e institutos de pesquisa se beneficiam de forma ampla.

Através dos dados deste estudo pode-se verificar a importância do investimento no Capital Humano como uma das alavancas dos processos de inovação dos países. São estratégias de longo prazo com investimentos significativos e de qualidade no sistema educacional, e na evolução das competências de pesquisa de forma geral, que ajudam a fomentar e ampliar o ambiente de inovação, e consequentemente criam condições favoráveis para o crescimento econômico além dos patamares de estabilização apresentados no artigo Crescimento Econômico e Inovação.

domingo, 4 de julho de 2010

Inovação e Educação (I)

As inovações, e a inovação disruptiva em particular, são variáveis muito importantes para o crescimento orgânico de uma empresa. Através da inovação a empresa pode estabelecer novos patamares de atuação no seu mercado, rompendo as barreiras quando a empresa se encontra no seu período de estagnação, após período de crescimento. Este comportamento foi abordado com detalhes no artigo anterior – Crescimento Econômico e Inovação.

Neste artigo a importância da educação e seus processos tradicionais e criativos, são analisados como fatores relevantes que conduzem o processo de inovação ao sucesso.

A inovação incremental, ou seja, aquela que é obtida da evolução de um produto ou serviço existente, pode ser obtida através de um trabalho árduo de pesquisa e desenvolvimento. Entretanto a abordagem de um problema estaria ligada à sua solução de forma cartesiana, e a base educacional para o desenvolvimento deste processo é tradicional, oriunda de um saber convergente. Sendo assim o problema é analisado de forma lógica onde as soluções possíveis são filtradas para que a mais apropriada seja executada, ou seja, há convergência para uma única solução final escolhida entre um leque de opções.



Esta educação tradicional está baseada nos processos mais comumente utilizados pelas instituições de ensino contemporâneas como o método de ensino em sala de aula, as pesquisas e trabalhos sugeridos pelos professores, as provas e avaliações aplicadas, entre outras.

Por outro lado, a inovação disruptiva, que lança um modelo de negócio, produto, serviço ou processo realmente distinto daqueles oferecidos, e que pode alcançar desta forma um público não consumidor, overshot ou undershot (ver artigos anteriores), levando a empresa ao crescimento, através da desestabilização do seu mercado, necessita de um perfil de pensamento distinto do tradicional. Este perfil se enquadra na chamada educação criativa, onde o saber agora não é convergente, mas divergente. No lugar da análise tradicional do problema para alcançar uma única solução, conforme descrito acima, a nova forma de análise deve considerar várias dimensões, através da exposição de ideias, possibilidades, interpretações, e hipóteses. Neste novo cenário os processos de aprendizado que as instituições educacionais utilizam devem ser distintos, sendo eles brainstorms, workshops, seminários e trabalhos colaborativos, e elementos de co-criação. Somente assim as empresas poderão se beneficiar de mentes abertas às diversas possibilidades que podem ser captadas de elementos internos à empresa, como suas capacidades, forças e fraquezas, e externos à ela como regulamentações, competidores, produtos substitutos, novas tecnologias, tendência do mercado consumidor, entre outras.



Sendo assim, um aspecto muito importante que deve ser destacado é que as inovações bem sucedidas necessitam das duas dimensões de educação, a tradicional e a criativa. Percebe-se que uma ideia brilhante obtida através de processos criativos pode não ser viável sob alguns pontos como financeiro, produtivo, entre outros, e não solucionar um problema de forma definitiva. Em contrapartida, uma grande ideia que seja uma boa solução executável pode não ser inovadora, não levando ao salto de crescimento desejado para a empresa.

A educação para a inovação, contemplando as duas dimensões citadas resultará em uma grande probabilidade de se obter a visão de futuro mais adequada, possibilitando no final a escolha dos melhores projetos a serem desenvolvidos pelas empresas.

domingo, 13 de junho de 2010

Crescimento Econômico e Inovação

A criação de valor para uma empresa é um assunto essencial e algumas vezes interpretado de forma equivocada. De modo geral o fator gerador de valor para uma empresa é o que dela se espera, e se projeta, para períodos curtos, ou seja, em uma medida de tempo finito o mercado deve poder visualizar a possibilidade de crescimento da empresa. Este comportamento de expectativa e análise de períodos curtos se explica através do fato de que as projeções para longos períodos apresentam uma estabilização natural e consequente acomodação do seu crescimento inicial. Entretanto esta tendência a longo prazo pode, e deve, ser modificada a fim de que a empresa possa contiuar crescendo continuamente após sua entrada nestes níveis de estabilização, e uma das chaves para alcançar os saltos de crescimento é a inovação.

A criação de valor está baseada em dois pilares fundamentais que é o lucro econômico e o crescimento.

O lucro econômico deve ser analisado sob dois aspectos principais, sendo o primeiro relacionado com a capacidade da empresa em gerar retorno sobre seu capital investido, aumentando sua produtividade através de uma operação eficiente do seu ambiente operacional, proporcionando ganhos sobre o investimento em seus ativos, e o segundo relacionado com sua gestão de riscos que vai determinar o seu custo de capital, através de uma estruturação deste capital que deve tender à melhor possível no seu ambiente.

O crescimento sustentado pode ser obtido através de dois processos fundamentais, sendo eles as aquisições e o crescimento orgânico. As aquisições são variáveis importantes para o crescimento, porém o crescimento realmente sustentado será obtido através do crescimento orgânico da organização.

Organicamente a empresa pode crescer caso consiga ter sucesso em inovação nas suas mais variadas formas, como seu modelo de negócios, seus processos, sua forma de gestão e seus produtos, entre outras. Este crescimento vai deslocar a empresa para outro patamar, até que seja atingida nova estabilização, sendo assim a empresa deve buscar inovar constantemente a fim de que possa manter sua escalada de crescimento sustentado e ascendente, conforme demonstrado na figura 1. Caso contrário será como uma máquina que opera de forma linear, entregando seus resultados sempre iguais, seguindo um processo estabilizado através do abastecimento de sua entrada, utilização de recursos e meios de tranformação para produzir o seu resultado final, e então conduzir à saída o produto acabado. Sempre de forma constante, sem crescimento importante, e com o agravante de encontrar concorrentes aptos a obter vantagens competitivas superirores, e ganhar clientes e mercados originalmente seus.



Fig 1. Patamares de estabiliação e crescimento por inovação


Importante notar que o reinvetimento do lucro de uma empresa em suas próprias atividades de P&D, operações, e outras, se trata do motor essencial para que a mesma consiga perseguir o aumento do seu crescimento orgânico. Normalmente o custo dos recursos próprios são mais baratos do que, por exemplo, a captação de terceiros e o lançamento de novas açoes. Sendo assim percebe-se este reinvestimento como um indicador importante do nível de crescimento potencial de uma empresa, e da demonstração de interesse por parte da alta administração em sustentar este crescimento através de suas operações, e não de outra alternativa, também importante, porém atrelada a riscos e demanda de especialização, análises e avaliações permanentes, que é a alavancagem financeira.

Pode-se concluir desta forma a importância da implantação de uma cultura de inovação dentro da empresa, a fim de que possa utilizar os elementos corretos, como seus recursos, processos e valores, através das inovações necessárias aos saltos de crescimento, que deslocarão esta empresa dos patamares de estabilização que ocorrem naturalmente após detrminados períodos, para níveis mais altos.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Universalizaçao da Banda Larga, a discussão não está somente no Brasil

Recentemente o NYT publicou um artigo sobre a preocupação dos Estados Unidos em revisar seu Communications Act, elaborado em 1996. A preocupação se dá em aspectos importantes como a universalização do serviço de Internet, a regulamentação atual sobre o serviço e os níveis de concorrência no setor. Estes aspectos são muito relevantes em um cenário novo no setor de telecomunicações mundial, onde os serviços de Internet apareceram e cresceram de forma sustentada, tornando-se um dos principais atores desta peça.

No Brasil há a LGT (Lei Geral de Telecomunicações), que data de 1997 sendo assim contemporânea do Communications Act americano. Nota-se que da mesma forma que nos Estados Unidos, a LGT carece de uma revisão a fim de se verificar a necessidade de atualização, de maneira que as novas perspectivas relacionadas com novas tecnologias como a Internet, sejam atendidas de forma eficiente, principalmente em benefício do consumidor final.

Há várias situações que merecem discussão no caso brasileiro em particular, sendo importante destacar por exemplo, a tecnologia IPTV (TV através da Internet) onde as operadoras não podem realizar negócios utilizando suas redes de dados já existentes, a regulamentação da utilização comercial do Wimax (transmissão sem fio por longas distâncias), a utilização do FUST, entre outras.

Além disso, muitas questões como a capilaridade das redes, preços de acessos, crédito para empresas do setor, carga tributária, estímulo para concorrência, entre outras, também são importantes tópicos que devem ser bem trabalhados a fim de que esta estrutura se torne realmente útil para a sociedade, de forma a gerar mais oportunidades de educação, lazer, cultura, renda, e ainda podendo contribuir com o desenvolvimento econômico do país.

Percebe-se assim que há muito caminho a ser percorrido, e nem sempre são questões apenas técnicas que entram em pauta, mas nota-se também que situações similares ocorrem inclusive em países mais mais desenvolvidos neste setor.

NOTA – a comparação é sobre uma preocupação geral de como entender um novo paradigma que se apresenta ao setor de telecomunicações, com a entrada de inovações disruptivas, apresentando um novo mundo onde antigos atores misturam-se com novos entrantes. Entretanto, a análise particular da infra-estrutura brasileira de telecom deve ser mais detalhada, porém em resumo pode-se verificar atrasos na oferta adequada das tecnologias de banda larga pelo território brasileiro quando a comparação é feita com outros países. Para mais detalhes há um relatório importante do IPEA sobre este assunto - http://agencia.ipea.gov.br/images/stories/PDFs/100426_comunicadodoipea_n_46.pdf

sábado, 22 de maio de 2010

Non consumers e overshot no mercado de Telecom

Particularmente no mercado de Telecom pode-se observar as operadoras locais e de longa distância como as grandes players, abrangendo uma quantidade de clientes muito grande, principalmente em suas regiões de atuação.

Será que há movimentos de disrupção neste mercado que podem abalar o market share destas empresas, através da entrada de novas concorrentes atuantes em segmentos de consumidores overshot. Ou então, através de novas tecnologias ou modelos de negócios que irão apresentar um novo cenário onde aparecerão os non consumers?

De fato a tecnologia VoIP apresenta uma oportunidade de disrupção de baixo mercado, onde redes inicialmente projetadas para carregar dados, como as redes IP, podem ser utilizadas para o tráfego de voz. Este tráfego é atendido com qualidade pelas redes comutadas por circuitos das operadoras de Telecom líderes de mercado, porém quando se cogita carregar o mesmo por redes de pacotes deve-se ter cuidado na análise. As redes de pacotes não oferecem ainda facilidade em carregar voz, bem como estas dificuldades tecnológicas implicam em menos qualidade no serviço oferecido. Sendo assim, a disrupção de baixo mercado se dá nos consumidores que podem ser overshot pelas operadora líderes, e estariam dispostos a pagar menos por seriços de baixa qualidade comparando-se com os atuais.

Esta tecnologia então poderia ser utilizada por empresas entrantes que utilizariam redes de dados oferecendo serviços de voz. Entretanto as líderes de mercado poderiam neste ponto neutralizar a ação das entrantes oferecendo também no seu portfólio o serviçp de VoIP, a custos mais baixos, e neste caso, sob o ponto de vista das líderes seria uma inovação sustentadora e não disruptiva.

Outro aspecto importante são os nonconsumers que apareceram com a tecnologia telefonia móvel. Esta tecnologia proporcionou que um mercado de não consumidores que utilizariam um serviço móvel de telefonia, permitindo a comunicação sem um aparelho fixo em uma localidade, e principlamente permitindo o uso em movimento. Aliado ao modelo de negócio pré-pago, onde o cliente utiliza créditos apenas para falar, esta disrupção conseguiu levar uma parte dos clientes das operadoras líderes de telefonia fixa, e também limitou seu crescimento futuro, fazendo com que as mesmas começassem a se preocupar com o assunto. Diferente do VoIP que não está maduro e as líderes podem ainda planejar um contra ataque, através da possível entrada no negócio, a tecnologia móvel trouxe dificuldades para as mesmas, onde uma alternativa é a aquisição das operadoras móveis, ou participação nas mesmas, a fim de poder marcar presença neste novo mercado que atrai seus antigos clientes.