sexta-feira, 28 de maio de 2010

Universalizaçao da Banda Larga, a discussão não está somente no Brasil

Recentemente o NYT publicou um artigo sobre a preocupação dos Estados Unidos em revisar seu Communications Act, elaborado em 1996. A preocupação se dá em aspectos importantes como a universalização do serviço de Internet, a regulamentação atual sobre o serviço e os níveis de concorrência no setor. Estes aspectos são muito relevantes em um cenário novo no setor de telecomunicações mundial, onde os serviços de Internet apareceram e cresceram de forma sustentada, tornando-se um dos principais atores desta peça.

No Brasil há a LGT (Lei Geral de Telecomunicações), que data de 1997 sendo assim contemporânea do Communications Act americano. Nota-se que da mesma forma que nos Estados Unidos, a LGT carece de uma revisão a fim de se verificar a necessidade de atualização, de maneira que as novas perspectivas relacionadas com novas tecnologias como a Internet, sejam atendidas de forma eficiente, principalmente em benefício do consumidor final.

Há várias situações que merecem discussão no caso brasileiro em particular, sendo importante destacar por exemplo, a tecnologia IPTV (TV através da Internet) onde as operadoras não podem realizar negócios utilizando suas redes de dados já existentes, a regulamentação da utilização comercial do Wimax (transmissão sem fio por longas distâncias), a utilização do FUST, entre outras.

Além disso, muitas questões como a capilaridade das redes, preços de acessos, crédito para empresas do setor, carga tributária, estímulo para concorrência, entre outras, também são importantes tópicos que devem ser bem trabalhados a fim de que esta estrutura se torne realmente útil para a sociedade, de forma a gerar mais oportunidades de educação, lazer, cultura, renda, e ainda podendo contribuir com o desenvolvimento econômico do país.

Percebe-se assim que há muito caminho a ser percorrido, e nem sempre são questões apenas técnicas que entram em pauta, mas nota-se também que situações similares ocorrem inclusive em países mais mais desenvolvidos neste setor.

NOTA – a comparação é sobre uma preocupação geral de como entender um novo paradigma que se apresenta ao setor de telecomunicações, com a entrada de inovações disruptivas, apresentando um novo mundo onde antigos atores misturam-se com novos entrantes. Entretanto, a análise particular da infra-estrutura brasileira de telecom deve ser mais detalhada, porém em resumo pode-se verificar atrasos na oferta adequada das tecnologias de banda larga pelo território brasileiro quando a comparação é feita com outros países. Para mais detalhes há um relatório importante do IPEA sobre este assunto - http://agencia.ipea.gov.br/images/stories/PDFs/100426_comunicadodoipea_n_46.pdf

sábado, 22 de maio de 2010

Non consumers e overshot no mercado de Telecom

Particularmente no mercado de Telecom pode-se observar as operadoras locais e de longa distância como as grandes players, abrangendo uma quantidade de clientes muito grande, principalmente em suas regiões de atuação.

Será que há movimentos de disrupção neste mercado que podem abalar o market share destas empresas, através da entrada de novas concorrentes atuantes em segmentos de consumidores overshot. Ou então, através de novas tecnologias ou modelos de negócios que irão apresentar um novo cenário onde aparecerão os non consumers?

De fato a tecnologia VoIP apresenta uma oportunidade de disrupção de baixo mercado, onde redes inicialmente projetadas para carregar dados, como as redes IP, podem ser utilizadas para o tráfego de voz. Este tráfego é atendido com qualidade pelas redes comutadas por circuitos das operadoras de Telecom líderes de mercado, porém quando se cogita carregar o mesmo por redes de pacotes deve-se ter cuidado na análise. As redes de pacotes não oferecem ainda facilidade em carregar voz, bem como estas dificuldades tecnológicas implicam em menos qualidade no serviço oferecido. Sendo assim, a disrupção de baixo mercado se dá nos consumidores que podem ser overshot pelas operadora líderes, e estariam dispostos a pagar menos por seriços de baixa qualidade comparando-se com os atuais.

Esta tecnologia então poderia ser utilizada por empresas entrantes que utilizariam redes de dados oferecendo serviços de voz. Entretanto as líderes de mercado poderiam neste ponto neutralizar a ação das entrantes oferecendo também no seu portfólio o serviçp de VoIP, a custos mais baixos, e neste caso, sob o ponto de vista das líderes seria uma inovação sustentadora e não disruptiva.

Outro aspecto importante são os nonconsumers que apareceram com a tecnologia telefonia móvel. Esta tecnologia proporcionou que um mercado de não consumidores que utilizariam um serviço móvel de telefonia, permitindo a comunicação sem um aparelho fixo em uma localidade, e principlamente permitindo o uso em movimento. Aliado ao modelo de negócio pré-pago, onde o cliente utiliza créditos apenas para falar, esta disrupção conseguiu levar uma parte dos clientes das operadoras líderes de telefonia fixa, e também limitou seu crescimento futuro, fazendo com que as mesmas começassem a se preocupar com o assunto. Diferente do VoIP que não está maduro e as líderes podem ainda planejar um contra ataque, através da possível entrada no negócio, a tecnologia móvel trouxe dificuldades para as mesmas, onde uma alternativa é a aquisição das operadoras móveis, ou participação nas mesmas, a fim de poder marcar presença neste novo mercado que atrai seus antigos clientes.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Mercado Overshot - Parte II

Conforme descrito no post anterior, os consumidores dos mercados overshot estão dispostos a pagar menos por produtos similares, que possam solucionar seus problemas, atender suas necessidades, porém com menos funcionalidades. Ou seja, características simples e básicas são desejadas no lugar de sofisticação e aumento da quantidade de recursos.

Como exemplos pode-se citar o desenvolvimento dos netbooks. Aparelhos com tamanhos menores que podem ser carregados facilmente, oferecendo a possibilidade de utilização em várias localidades e garantindo a mobilidade do usuário. Estes aparelhos disponibilizam então menos recursos, ou no mínimo mais otimizados, como a ausência de reprodutores ópticos (CDs e DVDs) nos netbooks, telas menores, processadores, memórias e motherboard específicas. Com um preço mais acessível, estes computadores criaram uma disrupção no mercado e foram aceitos por aqueles consumidores que não precisavam de desktops e notebooks com configurações completas e sofisticadas para seu uso cotidiano e ansioso por mobilidade.





Outro mercado que pode ser citado como exemplo foi o automobilístico com o desenvolvimento dos carros equipados com motores 1.0 no Brasil. Este tipo de veículo atendeu consumidores que não estavam dispostos a pagar os valores cobrados pelos carros oferecidos pelas montadoras até aquele momento. Os novos carros 1.0 entraram no mercado e atingiu de forma certeira estes consumidores que preferiam carros com motores menos potentes, mais econômicos e com menos acessórios.





Pode-se citar as mais variadas indústrias e seus mercados como os voos mais baratos que oferecem menos menos serviços de bordo de algumas empresas aéreas, os sistemas self-service dos vários fast-foods existentes, o modelo de negócio dos sistemas pré-pago das operadoras móveis, os cursos de educação à distância abordando temas específicos do conhecimento sem as estruturas de salas de aula, professores e laboratórios, os apartamentos nos centros das cidades que oferecem serviços básicos através de quartos “otimizados” para hospedagem curta e café da manhã fast-food, entre outros.

Há muitos exemplos de disrupção de baixo mercado, onde produtos novos com menos funcionalidades que os originais são oferecidos e conseguem ganhar a preferência de consumidores saturados por inovações sustentativas, as quais elevam a qualidade dos produtos existentes, sem saber se o consumidor deseja as novas características. Além de elevar o preço dos mesmos, o que acaba por desagradar ainda mais este grupo.